sábado, 4 de junho de 2011

DIGITO CORSIVO

Poderia guardar a escrita para mais tarde, depois da rua com certeza que encontraria um somatório de novas pistas para divagar. Mas a manhã e muitas vezes, quase todos os dias encontro a paz do ser no seu começar pausado depois da primeira vaga do dia pela sobrevivência. Penso no "Digitar", se o homem inventou a caligrafia e fez dela a sua arte mais pessoal ou a ausência dela, fez dela "ciência" no modo da sua adivinhação, lembrem-se por exemplo que em tempos muitas pessoas se conhecerem na escrita personalizada duma carta no desenhar da caligrafia e no padrão aleatório do somar das linhas. A rede cresceu sem calígrafos e copistas no seu sentido lato, cresceu na força do digitar, como um tocador de acordeão em busca de harmonia no teclado do seu instrumento como que por vezes se deixa-se a alma ir ao encontro da matéria que se materializa num outro lugar fazendo possível duma certa forma acreditar no tele-transporte do Senhor Spock mesmo na ínfima distância de quem "tecla" com os olhos no teclado e os procura depois no monitor. "Digitar" também se tornou uma arte mesmo ante da era digital, as escolas de dactilografia foram um bom pronuncio dela, uma forma de pré-história desta arte que o éter agora perde em terreno para essas diabólicas Web Cams que com a ajuda da imagem faz de nós estranhas iluminuras falantes pixeladas. Mas tirem a prova e vejam no que preferem confiar, no escuro sem rosto iluminado pela arte do "digitar" da alma, ou o espectro indefinido deste mundo que nos ensina o fazer imagem do cinema, sou do filme corsivo.

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