quinta-feira, 30 de junho de 2011

A REDE DOS SINÓNIMOS

Quando parece que temos o mundo materializado num vértice de linguagem a geometria da figura faz-nos cumprir a função da rede nos seus sinónimos. Partindo para uma pequena brincadeira por exemplo na figura do cubo ficamos definidos nos seus oito vértices descritivos. Todos são sinónimos entre si, mas se o sistema se encerra no conhecimento do mesmo o que dizer do conteúdo encerrado que o preenche que nas suas formas e fronteiras fazendo o seu conteúdo.
Na rede de sinónimos trocamos o conteúdo da semiótica das fronteiras pelo abstrato semântico das palavras podendo transfigura-las se quisermos ser amigos do caos numa rede infinita de palavras como uma busca terrena de uma alma gémea.
E assim barco pode ser navio não obstante de não quererem ser necessariamente a mesma coisa.
A rede junta-nos como sinónimos para além da abstracção dos conteúdos que todos parecemos e tornamos ser.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

A REDE DE S.PEDRO

A rede é algo de bom feitiço diria eu. Não sou muito bom a cumprir promessas (pelo menos algumas delas e outras lá as pago com o passar dos anos tenho essa coisa no sangue da paixão latina de ainda me emocionar ao ver passar a Santa da terra nos dias de festa), no obstante fiz algumas que não cumpri e dou graças à parte fraca pelas coisas boas e más que daí vieram.
Prometi (ou pelo menos uma pessoa me fez lembrar disso) que nunca iria conhecer ninguém através do "chat" coisa que não foi possível, por ele empreendi pequenas e grandes relações que duma forma ou de outra marcaram a minha vida e os relacionamentos pessoais. Prometi nunca escrever um blogue (ou pelo menos lembraram-me disso) e já vou no segundo e tenho-vos a dizer não pelo resultado do contador mas pelas horas amargas que aqui diluí a fazer concreto da abstracção. Não me recordo de mais promessas digitais por cumprir, mas a rede terá sempre as suas tentações importantes e éticas.
Hoje estou como S.Pedro neguei-me e neguei a minha fé faltando ao compromisso que se estabelece por vezes com a vida, Cristo sabia-o e mesmo assim lhe deixou a rede da sua Igreja.

terça-feira, 28 de junho de 2011

A IDADE DA INOCÊNCIA

A primeira vez. A primeira vez tem o sabor acrescido da inocência encontrada diria eu além de todos os outros. Eu sabia dela fazia alguns tempos, lia nos jornais, nas revistas nas conversas optimistas entre amigos fazendo do sonho um pouco mais abstracto do que concreto mas no entanto, e como imaginar uma alunagem um dia materializou-se.
Quando era miúdo e os preservativos se chamavam camisa de Vénus imagina-os como uma estranha camisa que se vestia para tudo correr bem com a meninas perdendo a inocência uns anos mais tarde fazendo rebentar no chão do recreio do ciclo como um balão.
Um dia chegou a minha noite, não tinha bem a ideia de funcionamento do que poderia fazer, ver o correio que não tinha, entrar num "chat" que ainda corriam mas na imolação do Mirc que nunca consegui perceber, o Sapo ainda era um sonho universitário e o Terra-à-Vista se bem me recordo era o Farol da Costa.
Era o princípio da web. Quem não sabe navegar fundei-a o barco. Estava-mos os três cá da casa e eu lembrei-me ó digita aí www.wired.com. E assim me senti parte de qualquer coisa o princípio de materialização. A rede parece sempre o mesmo mas nunca perderá a Idade da Inocência.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

A REDE DO CREDO

A rede vai-se percebendo na realidade descontrutiva do parecer no seu encontrar. Poderia sintetiza-la de morte no seu caos mas nenhum homem tem o direito a isso. A rede avança como a linha listada da grande estrada que divide a vontade do circular de fluxos contrários. E estou, estou apenas sentado esmagado pelo tecto (não sei se me aconteceu apenas a mim mas o céu deixou de ser estranhamente azul) meio pedrado com o doce do açucar e o amargo da cevada em busca de mais um peixe, por vezes conjuro-me na existência cristã sem me perder na aspiral neurótica de ter que me provar a existência de Deus sabendo que Cristo foi um homem que deixou o seu verbo, e eu entendo-o como dívino (não bastante o obstante).

segunda-feira, 20 de junho de 2011

A REDE DO ABSURDO

Estou no Sul sem me livrar do abstracto. Perco-me no azul do céu em busca da paz de sempre e sei que a vida não é muito distante do vôo que me segue distância. Sei das gaivotas e aqui ainda é Atlântico busca a porta de outro mar.

A família distingue-se por certo na matriz da raça, mas a raça não é certeza de fazer um povo. Também voei na asa aberta da corrente da despedida do Navio - Éeeee Láaa, Boa Sorte! e a gaivota "distra" na beleza do alto mar. Torno a voar antes que me chegue a terra, não tenho casa guardo o ninho, não tenho ovos dou o carinho e a rede volta um dia no dissonar.

A rede faz a fala, a fala faz conteúdo se soubermos que o mar da rede é mais do que o seu absurdo.

sexta-feira, 17 de junho de 2011

A REDE DOS CONHECIMENTOS

O conhecimento é um pouco como o urânio, na sua génese um elemento da natureza, nas ideias e nas mãos erradas do homem podem-se tornar em bombas atómicas. Serei mais um louco na avenida de megafone a anunciar que o fim está próximo ensanduichado entre dois cartazes gritando que no principio era a luz. Sim a luz que revela as letras e as conjumina, o saber das operações matemáticas o saber que nos permite orientar no mundo difícil.
Não querendo fazer passar por o conhecimento em si, desconfio por exemplo no exercer dele levado ao código de especulação máximo, como por exemplo na regência da Bolsa de Valores quando com o poder de análise de coisas que são completamente abstractas e falíveis como os seguros (nunca se sabe o valor do caos do sinistro por exemplo logo a base especulativa é absurda, mais ou menos :)...), na cotação de matérias primas que foi mais ou menos como tudo começou e essas ainda se tornam uma equação sinistra maior podendo por exemplo uma crise de parasitas assolar as árvores e destruir a madeira, sem querer continuar e passar por profeta da desgraça mas recordando que toda essa economia mais do que conhecimento em si (por mais relatórios que se façam (e como diria Camões o mundo é mesmo composto de Mudança) é feita de pura abstracção especulativa. Esse conhecimentos e eu nem ninguém está livre deles para viver a vida acabam no mau conhecimento do mau corporativismo. "O conhecimento é poder" e a rede sabe disso...desculpem acrescentar....Deus nos livre da tentação!

quinta-feira, 16 de junho de 2011

RUN: THE TIME

A rede do nada expande-se nessa dúvida de dilatação-contracção contínua. Alienação necessária para encontrar o fluxo dos seus sentidos. Procuro um tempo para falar, ainda ontem pensei depois de escrever que são os homens do passado que fazem o presente dos presentes. Estaremos mesmo a fazer algo de novo ou a fazer o mesmo de sempre com mais liberdade na educação guarnecidas com "a tecnologia quando nasce é para todos (bem diziam isso do sol e sabemos todos o preço dum resort)". Numa perspectiva de homem do Cogito Ergo Sum ou o penso logo existo e falo na qualidade de Blogger o que me difere dum homem das cavernas (para ser pretensioso) urrando ao som polifónico da sua caverna enquanto a pinta com os seus desenhos. O que mudou na qualidade existencial tirando o conforto dos pensamentos e da cadeira. Pouco nada diria eu apenas a eterna função do fazer lei do sistema imperativo da parcela espaço-temporal enquanto se executa: o tempo. A Rede é pré-histórica.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

A REDE NEURONAL

Fazia o comboio com o homem certo da minha turma liceal (ou pelo menos duma parte dele). Lembro-me dum fim de aulas em que ele empreendeu em menos de uns minutos um jogo num velho 48k da Spectrum fazendo o gáudio dos presentes.
Um pouco mais tarde desses delírios no embalo do suburbano trocavamos as primeiras impressões desse mundo que tinha começado não há muito a Rede. Ele tornara-se um homem do "sistema", não não foi trabalhar para o Governo, era engenheiro de sistemas e trabalhava na altura para o patrão da costa - O Senhor Bill Gates eu entusiasticamente falava-lhe das virtudes do Macintosh e de como era feliz na sua simplicidade sabendo do seu poder nas linhas de escrita mas não tendo o poder da palavra como ele.
Uma das manhãs falou-me duma novidade então as redes neuronais e da possibilidade infinita da sua criação que então tinha começado. Redes neuronais?
- Sim uma espécie de tecnologia de encriptação em rede que nos permite por exemplo por o Tom Waits a cantar com o Shane Macgowan (sempre imaginei este dueto :) , a explicação resultaria melhor com pessoas mortas) sem os dois sequer cantarem uma nota. Na altura sei o que me fascinou dando-me tema para algumas conversas "decoradas" por falta de mais conhecimento.
Num mundo de encriptação acelerada nos vídeos (ó Teixeira isto já é outra história) e em outros suportes multimédia as milhares de quilómetros de binário que são poupados por essas redes ou por outras similares.
Mas Pires, que os dois são Migueis, a Rede Neuronal Original ainda contínua com essa alma físico-química que apreende nos terminais neuro-existências que cada vez a sinto mais foragida deste Rede do Éter cada vez mais fria no raciocínio quântico da vingança, talvez por isso nos tenhamos rendido ao calor das "máquinas".

terça-feira, 14 de junho de 2011

SURF IS UP

Eu digito. A suspensão do éter volátil, que como um colibri acelerado em busca do pólen por vezes acaba na abstracção saturada do mesmo. Chama-se a isso a nata de viver ou num estrangeirismo mais delicado saído do contexto para o encontrar a Creme de La Creme.
Quero eu dizer com isto que no princípio da Rede viajava como um surfista à paisana em busca de todo o mar e suas ondas no conhecer cognitivo das suas experiências mas devido ao peso (se me quiserem imaginar sou um individuo calvo a tirar para o "gordito") não me meti em grandes ondas porque não tinha essa disponibilidade e habilidade física.
Querendo dizer com isto tudo que se há uns anos ia a todas as praias fazer mar, vivo agora na onda fechada na esperança do túnel nunca acabar sabendo na parca esperança que as "bebedeiras" acabam em ressacas (e por vezes em coisas mais desastrosas como anti-depressivos), por tal se me quiseres ouvir estejas onde estiveres pára de vez enquanto uns minutos, estica os braços e as pernas fecha os olhos e procura a praia, pode ser essa onde os velhos do Restelo congeminam o fim do Mare Nostrum , se cá estiveres há muito tempo, compra uns óculos de sol e ruma ao Azul para esse café com um amigo.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

INSERT COIN

A rede tem o seu quê de futurista é certo. Uma sociedade "gasosa" materializando-se em coisas estranhas como seus primeiros "Flash Mob's" na sua existência inocente da era do "acaso" virtual. Nunca tive a felicidade de participar num. Mas a sociedade digital já conseguiu hologramas maiores como as primeiras tentativas de lutas "limpa" de encher as caixas de correio dos "senhores do mundo" com milhões de mensagens em favor de uma causa como por exemplo a não muito distante independência de Timor. Mas mais na nossa linha do tempo que vivemos nasceram cidades, sim cidades como me lembro em "Tianamen", outras houveram antes e depois mas chegam-me rumores da cidade da utopia do pessoal do Movimento "Geração à Rasca" que não fazendo gozo sobre a possibilidade de existir por lá uma playstation ou não (eu sei que a piada não cola lá muito bem devido a existirem dezenas de milhões delas portáteis) mas no sentido seguro que quero tomar ou seja lembram-me tudo um pouco as velhas máquinas de Arcade dos anos 80 onde gastava ingloriamente as minhas moedinhas (ainda saquei o recorde da máquina uma ou outras vezes) fechando a sociedade na sinistra frase "INSERT COIN".
Quem dá a ficha para o "plug in"? ou revertemos ao que nos juntou - a Rede Social.
(Não. Não estou a a falar do FacebooK)

quinta-feira, 9 de junho de 2011

OLÁ DONDE TECLAS M\F?

- Olá; donde teclas, M/F?
Recordo-me de como gostava de ver as linhas a passar na retina misturadas na contra-rotação da linhagem do monitor que como a alma é ausente ao olhar. Assolava-me uma doença poética resolvida pelo mesmo vírus com o qual adoeci..."Language is a virus".
Assim como um médium em pleno exercício de função aterrei em conversas étereas sem saber muito bem das abstracções que fazia e que me faziam para não fazer do surreal monstros da má ilusão sem com isso me perdoar na desculpa e me salvar de ser um mas já o era antes do digital e como a vida não difere os comportamentos sociológicos por suportes o mal continuava em mim.
Vértices de polígonos, é assim a chuva da construção digital e se antes errava na alma na procura de carne para acreditar, com outro "script" procuro salvar o que perdi aqui. "Temos que olhar as palavras para além da sua própria função para podermos ir para elas mesmo" - diria W.S.Burroughs mais ou menos assim.
- Olá teclo de Espinho e sou Masculino ( não fazendo do género acupunctura :), mas não me envergonhando dele).

quarta-feira, 8 de junho de 2011

O TRIDENTE DO ETERNO RETORNO

A vida informa-nos mais do que nos ensina alguma coisa, é esse o seu absurdo maior. O caminho da manhã não vê a luz do da tarde. Assusta-nos a segurança dos dados, ter informação secreta parece dar-nos uma força divina como que regendo o mundo dicifrando as suas incognítas na boa certeza de ver as palavras decifradas no dicionário.

Quem não os tem seguros, vive na virtude iluminada de se esconder pelo menos por dentro dos seus pensamentos, mas existe uma fobia crescente de que todos os nossos pensamentos são lidos por uma máquina diabólica qualquer ou sem querer passar por blasfémico talvez Deus se tenha passado para o lado dos informadores e esse tridente global rege a sua lei diagnosticando-nos e automatizando-nos os gestos antevendo a próxima jogada.

Seremos nós o tridente castigador uns dos outros ou seremos como as vagas contínuas da praia que como no poema de quem por cá vive nos assolamos no castigo do eterno retorno que apenas queria assegurar o "paraíso" da memória.

terça-feira, 7 de junho de 2011

"O LÍRIO E O CANIVETE"

Tenho um "ordenador" novo. Gosto da ironia do nome em Espanhol. A mim parece-me uma luta ao contrário por mais domínios de ferramentas que tenho fechado no chavão que o computador tem sempre razão, mas nisso eu rio-me dele não é diferente das pessoas que "me conheço". Mas voltando ao Português, o "Computador" onde se fazia a computação perdida no feitiço dos sistemas agora emoladores edificados num suporte gráfico cheio de funções cripto-linguísticas de funções existências. Agora é mais um canivete Suíço na sua multifunção de nos permitir ter suporte de realidade (isto parece meio estranho), simplificando desde a folha de escrita ao leitor de videos onde exercemos o real.

O resto é o Lírio e ele é a parábola do novo testamento que a deixo por entender na esperança da sua fonte:

"Olhai os Lírios do campo que nem trabalham nem fiam, vivendo no seu explendor que nem as vestes de Salomão vestiam a sua beleza".

Criptando a função como suspirou Natalia Correia.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

A REDE SUBMERSA

Faz muitos milhões de bytes atrás quando tudo começou a sensação era de estar a "teclar" com um homem estacionado na Lua. As "máquinas do tempo" espalharam-se e fluíram com a sua estrondosa velocidade em Ego, aka's ou Clãs de jogos de "tirinhos", colectivos de arte mais manifestos e desilusões denunciadas, a rede já era social depois das primeiras "BBS (Bulletin Board system)" uma espécie de intranet onde se conseguiam manter conversas e recolher material informático antes de existir a World Wide Web, mas devem existir dezenas de blogues que vos podem dar mais informação do que eu.
A Rede Social Digital que começou numa linha recta como a esperança da linha telefónica logo se transformou num passar de anos numa "Desesperança" similar à sua vertente real, numa espécie de pirâmide cega onde o topo rege a sua sapiência "cooperativa" mandando o pessoal jogar ás hortas sem lhes explicar quem é dono das terras e para quem reverte esse "tempo de antena digital" que como sabemos (isso já aprendi) é uma forma de fazer dinheiro (e parece-me apenas isso desculpem-me os mais aficionados, mas a verdade é que o negócio nunca passa de moda e eu esqueço-me sempre disso :) ).
A rede está submersa, alguém se lembrou de lhe chamar um grande negócio deslocando o absurdo que consumia-mos em outras plataformas para o lugar onde grande parte ou pelo menos uma parte significativa dela acorrentou a sua vida - o monitor, pensando em vão que estaríamos a fazer o negócio das nossas vidas poupando meios e fundos esquecendo-nos ingenuamente que o principal problema continua por resolver e é o que nos saí mais caro à saúde e ao ambiente...a "energia". Procuro bons ecos digitais no sonar ...

sábado, 4 de junho de 2011

DIGITO CORSIVO

Poderia guardar a escrita para mais tarde, depois da rua com certeza que encontraria um somatório de novas pistas para divagar. Mas a manhã e muitas vezes, quase todos os dias encontro a paz do ser no seu começar pausado depois da primeira vaga do dia pela sobrevivência. Penso no "Digitar", se o homem inventou a caligrafia e fez dela a sua arte mais pessoal ou a ausência dela, fez dela "ciência" no modo da sua adivinhação, lembrem-se por exemplo que em tempos muitas pessoas se conhecerem na escrita personalizada duma carta no desenhar da caligrafia e no padrão aleatório do somar das linhas. A rede cresceu sem calígrafos e copistas no seu sentido lato, cresceu na força do digitar, como um tocador de acordeão em busca de harmonia no teclado do seu instrumento como que por vezes se deixa-se a alma ir ao encontro da matéria que se materializa num outro lugar fazendo possível duma certa forma acreditar no tele-transporte do Senhor Spock mesmo na ínfima distância de quem "tecla" com os olhos no teclado e os procura depois no monitor. "Digitar" também se tornou uma arte mesmo ante da era digital, as escolas de dactilografia foram um bom pronuncio dela, uma forma de pré-história desta arte que o éter agora perde em terreno para essas diabólicas Web Cams que com a ajuda da imagem faz de nós estranhas iluminuras falantes pixeladas. Mas tirem a prova e vejam no que preferem confiar, no escuro sem rosto iluminado pela arte do "digitar" da alma, ou o espectro indefinido deste mundo que nos ensina o fazer imagem do cinema, sou do filme corsivo.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

O TEMP(L)O DOS ARRANHA-CÉUS

O que faz a distância à recordação. Primaveras coradas como raparigas na iniciação, diria-te melhor mas não sei o ritual dessa terra. Adivinho-lhe alguns contornos nos clichés do sempre mas chegar no último dia da monção é suficiente para recorda-la. Eram uma imagem com mais vaselina há uns anos, meia desfocada no sufoco da bebedeira do incenso e na humidade como que dum banho quente, nessa que não se foi embora.
A distância de uns segundos no avistar do encontro e da despedida, a distância duns dias no reino suspenso da eternidade da Ásia que não esqueço, mais distância? Nenhum silêncio de palavras a cumpre.

quinta-feira, 2 de junho de 2011

O CORAÇÃO DAS MÃOS

O galo manda a razão e acerta o dia no labor. Quando primeiro canta, melhor será ires com ele ver o dia antes que o sol te leve a terra e a seiva. Quando por último grito se cala, vai para casa fazer noite que o sempre agradece. O tempo está morto ou caminha para isso.
Mãos de calo, que começam por bolhas que nos roubam a carne da mão dando-lhe em troca o calo do qual um homem não se deve orgulhar mas a terra é dura e a vaidade (e esta é tão importante como qualquer outra) de ver as coisas crescerem, a medrar na sua ordem faz-nos mais moles nesse calo porque a terra é dura, não por a dureza anacrónica do seu suor mas porque se lhe tem que levar seu feitiço.
A criação tem suas regras, magia e encantamentos que meus avós sabiam como eu sei nos últimos dias (tento entrar "desesperadamente" ver o correio sem resultados" que a terra assim o era muita dedicação e poucas certezas. A natureza é soberana nesse reino e o absurdo não é diferente da civilização do desktop. Meus Avós recebem a sua paz no topo e no fundo das colinas onde a "namoraram" ambos ainda estão como por magia no meio da terra rindo-se com indiferença da que pagamos no fim. Um dia pedi a meu pai, e fui eu que lhe pedi não por castigo mas por pensar que seria o último caminho para as minhas crenças que me ensina-se alguma coisa sobre a terra. Colhi um corpo desajeitado ás sachadelas no caos do esforço sem nexo por falta de saber e de o saber, o labor mas vi a alegria de algo plantado por mim. Quando regresso à terra no topo da estrada que esventrou a serra roubando magia ao bardo trazendo as suas histórias de velocidade e progresso todas as vezes me bate a placa castanha gigante da auto-estrada assinada por Miguel Torga - "Reino Maravilhoso" e fico preocupado com o "céu" que se está a ir embora. Outros "céus" eu sei, não terá grande importância "economista" esse labor e arte do mundo antigo nem o faço com ponta de revivalismo porque nunca o fui um homem da terra mas por compreender que a parte do património que o guiou na sobrevivência se perde por essa economia que não respeita os campos, os rios e os céus e isso não o aprendi com eles mas sei que é sagrado depois acontece-nos como aqueles animais que acabam em extinção...imaginamos documentários na televisão.

"É homem, tem 63 anos e a quarta classe. Este é o retrato-tipo do agricultor português, o que torna Portugal no país europeu com agricultores mais velhos e com menor número de jovens a trabalhar nos campos: apenas 2,5 por cento têm menos de 35 anos." in
Lusa.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

"A REALIDADE É A PIOR DAS REALIDADES"

A realidade está agressiva, ou melhor tomada de assalto. Tirando a manifestação que hoje pontual na "minha terra" preencheu a realidade com mais uns metros de placards e bandeirinhas laranja trocando as figuras de cromo (por esse passo eu sempre na qualidade de mais um aleanado da cidade) com os rapazes da propaganda política e seus líderes. A "minha terra" ou a terra onde eu vivo não sei muito bem não tem grandes monumentos, grandes indústrias (já as teve é certo) mas tem algumas tradições que a suburbanidade periférica as fez diluir não penso que seja uma coisa necessariamente má apenas mudamos de morfologia social sem querendo fazer disso nenhuma guerra de classes mas mas de novos interesses instalados no poder de sempre. A minha terra é líder, comanda o Concelho com a maior Taxa de Desemprego do País ultrapassando os 20% da população activa e é como quase todos os Concelhos do País afirmando-o não com dados concretos mas com um conhecimentos pouco cientifico baseado na observação um pouco envelhecida, mas se resultava com os velhos filósofos gregos por certo resultara comigo, querendo dizer com isto que com essa população que vive (sem julgar méritos mas reconhecendo o direito constitucional) da segurança social somos um concelho de grandes encargos sociais permitindo-me tristemente afirmar que pouco futuro os jovens, quer habilitados profissionalmente quer licenciados que tiram cursos nas mais variadas universidades do país e que com alguma politica de sucesso tem-nos fixado nas respectivas zonas de estudo (os que têm essa sorte). Lei-o hoje que se atravessa a segunda maior vaga de Imigração dos últimos "150 anos" já não sendo exclusiva de mão de obra operária mas também de muitos jovens licenciados e até com habilitações superiores. Vejo a "minha terra" vazia a especulação imobiliária atirou a minha geração para os arredores com essa vida louca de viver ou melhor planificar a vida para pagar as prestações do carro e da casa e vejo é mesmo verdade muitas casas vazias devolutas a caminho da degradação sem haver interesse público ou privado para resolver a situação. destruindo o que era o nosso património comum. A realidade está agressiva apesar de tudo parecer estar em ordem nos outdoors, nos mupis e nos anúncios do jornal e da televisão no espaço público invadido pela mensagem subliminar. O monstro da Troika sossega-nos o impulso compulsivo do consumir com directrizes de poupança e magia contabilística mas não nos traz como por exemplo o folheto da tribo do Yoga uma promessa de uma melhor vida saudável com mudanças concretas no concreto erro em que levamos esta vida insustentável. Sou mais mensagem no espaço aleanado.